O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu que os ataques à sede dos Três Poderes no 8 de janeiro foram uma “agressão inimaginável” e defendeu que não se tratou de uma tentativa de golpe de estado. Em entrevista para uma rádio Arapuan FM, da Paraíba, nesta sexta-feira (7), Motta também aproveitou para criticar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e avaliou que há um “desequilíbrio”.
"O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe. Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso", afirmou Motta,
"Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, demonstrar sua revolta. Achando que aquilo poderia resolver talvez o não prosseguimento do mandato do presidente Lula. E o Brasil foi muito feliz na resposta, as instituições se posicionaram de maneira muito firme", completou.
Segundo a Folha de São Paulo, para o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, a natureza do que ocorreu no 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, enquanto políticos da esfera bolsonarista buscam jogar a culpa nos manifestantes, qualificando-os de vândalos sujeitos a um enquadramento legal exacerbado.
"Não pode penalizar uma senhora que passou ali na frente do palácio, não fez nada, não jogou uma pedra e receber 17 anos de pena para regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso. Nós temos que punir as pessoas que foram lá, quebraram, depredaram. Essas sim precisam ser punidas. Entendo que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade", disse.
O presidente da Câmara também comentou sobre a anistia dos envolvidos no 8 de janeiro e afirmou que a pauta gera uma tensão na relação entre o Judiciário e o Executivo. Por conta disso, Motta disse que tratará o projeto “com cuidado”.
"Não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar de jeito nenhum. É um tema que estamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante. Todos que me apoiaram sabiam que eu tinha apoio dos dois [PL e PT]. Não se pode exigir que eu 'desbalanceie' a minha atuação, porque não posso ser incorreto com ninguém. Me cabe ser correto com todos e conduzir a Casa com isenção."